Copa do Mundo: um amor incondicional amor brasileiro
(polska wersja tekstu/versão polonesa do artigo)
O dia 12 de Junho de 2014 ficará marcado para sempre na história do futebol e, sobretudo, na do Brasil. Isto porque, apesar de inúmeros problemas registrados durante o período entre o anúncio da escolha do país como sede do evento pela FIFA, passando pela construção dos estádios e a realização de obras de infraestrutura, o povo brasileiro está ansioso para saber como a nação vai reagir frente à invasão de estrangeiros e de como será o desempenho da nossa seleção. Neste ponto, devo esclarecer que para a ‘torcida canarinho’ a vitória na Copa do Mundo se faz necessária, ou quase uma obrigação. Afinal, somos 5 vezes campeões e um cidadão que veste as cores verde e amarelo não admite nada menos do que o triunfo absoluto, ou seja, que o capitão Tiago Silva levante a taça na grande final do Maracanã, no Rio de Janeiro, 30 dias depois da estreia da equipe do técnico Felipão.
A abertura da ‘chamada’ maior Copa do Mundo de todos os tempos atrairá a atenção de milhares de apaixonados pelo futebol para o país sul-americano, assim como para os outros 63 jogos que transformam o torneio no evento esportivo mais cativante do planeta. No entanto, o campeonato é algo que mexe com o imaginário da população local, e isso não acontece apenas pelo fato de que a nação será o lugar onde as partidas vão acontecer, mas também vencer a ‘Copa’ como chamamos informalmente e até de maneira carinhosa o torneio, é um objetivo que está traçado praticamente desde de 2010 quando a Holanda, na África do Sul, eliminou o Brasil nas quartas de final. Pode parecer estranho para uma pessoa que não nasceu no país, contudo, de 4 em 4 anos as ruas são enfeitadas com as cores nacionais, calçadas pintadas, grafites com os símbolos brasileiros e com os jogadores da nossa seleção são desenhados nos muros das cidades.
Estas ações tornam claro o nosso patriotismo quando nos referimos ao esporte mais popular da Terra. O país se mobiliza em torno do mais importante torneio de futebol, porém, como desta vez e após 64 anos a Copa é no Brasil, a nação está realmente engajada em proporcionar aos visitantes e a própria população um cenário que jamais foi visto em outra ocasião; uma vez que todos os setores da sociedade incorporaram a ideia de que o evento é a oportunidade de apresentar ao mundo um novo país com grande diversidade cultural e mostrar que mesmo com as manifestações populares pedindo melhores condições de vida, com a violência existente em algumas regiões e de problemas de logística e infraestrutura o povo tem muito a oferecer e, sim, é capaz de realizar a “Copa das Copas”.
Tal nome criado pelo governo da presidente Dilma Rousseff surgiu logo após os enormes protestos ocorridos em junho do ano passado; a tentativa governamental era acalmar a intensidade das manifestações e mudar o foco social para o mundial de futebol. A insatisfação tem sentido e os motivos são muitos: a enorme desigualdade entre ricos e pobres; o precário sistema de transporte nas grandes cidades; a falta de uma educação de qualidade; os sérios problemas com a saúde pública; e a crescente e permanente corrupção que existe nas instituições estatais. Evidente que todas as reivindicações para atingir uma boa qualidade de vida são válidas a qualquer momento, entretanto, acredito que durante a Copa do Mundo a maior parte da população irá deixar de lado a postura raivosa e descontente mostradas nas ruas do país para desfrutar do emblemático e contagiante clima festivo que só acontece a cada 4 anos em todo o território nacional.
Para dar exemplos de como o torneio altera o humor e excita a sociedade, milhares de pessoas, desde crianças, adultos e idosos, tem colecionado o álbum de figurinhas com a imagem dos estádios, jogadores, mascote e outras referências do mundial. Outra tradição nesta época são os ‘bolões’, que são apostas informais realizadas nas empresas, entre familiares ou amigos e que sempre premia os acertadores dos resultados das partidas. Além de tudo isso, reunir-se para assistir aos jogos é uma prática comum entre os brasileiros, e estes encontros geralmente acontecem nos bares ou nas próprias casas, sempre regado com muita cerveja, churrasco e em algumas das vezes com a famosa feijoada, que vem acompanhada pela caipirinha. Vale ressaltar que a roupa obrigatória para participar desta festa é a ‘camisa amarelinha’ e a alegria em vibrar pela seleção.
Ser brasileiro, amar o futebol e a Copa do Mundo, se emocionar com cada gol e chorar com cada derrota, parar o que estiver fazendo para assistir aos jogos da ‘equipe canarinho’, debater por dias quais foram as falhas e as melhores jogadas, acompanhar o maior número de partidas que conseguir durante o torneio e torcer muito, mas muito mesmo, para que o Brasil chegue a final, e como fez em outras 5 oportunidades vencer e fazer todo o povo delirar de emoção com mais um título mundial, é o desejo de todos. E assim como praticamente todos os meus compatriotas, sou um inveterado otimista e como não podia deixar de ser, confio que o Brasil será o grande campeão deste ano.
“Pra frente Brasil!”
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Lucas Lagatta, 30 anos, jornalista, radialista e pós-graduado em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.